sexta-feira, 18 de maio de 2007

"O outro lado da fé"uma reportagem surpreendente!

O outro lado da fé

Numa altura em que, novelas como “Páginas da Vida” ou “Doce Fugitiva” retratem a vida daquelas que se dedicam, à testemunha de vida de Jesus Cristo, é importante sabermos até que ponto é ficção ou realidade.
As Irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre, uma Congregação Religiosa fundada pelo Padre Tiago Alberione em Alba, 1924, Itália, desenvolvem a sua missão nos cinco continentes e 29 nações. No nosso País estão presentes em Lisboa, Fátima e no Porto.
A Irmã Emília, da família Paulista do Porto, abriu-nos o seu coração e esclareceu-nos como é na realidade a vida das vocacionadas a Deus. Ela contou-nos como funciona a Instituição, onde reina a paz, amor e alegria. “ A nível da comunidade, temos antes de mais a oração logo de manhã, que é o principal, depois temos os actos da vida comunitária, comemos sempre em comum, há momentos em que estamos todas juntas, rezamos juntas mas depois cada uma tem a sua função durante o dia”.
O seu dia a dia
As irmãs acordam as 6.15h e logo às 6.30h têm a oração na capela, meditam sobre a palavra do dia, têm a eucaristia e depois cada uma vai para o seu apostolado.
Mas o que consiste o apostolado?
Através do Apostolado Litúrgico as irmãs põem-se ao serviço da Igreja e ajudam os fiéis. Todos os dias, duas irmãs vão trabalhar para o centro de Apostolado Litúrgico, um estabelecimento aberta ao público onde podem comprar todo o trabalho confeccionado pelas irmãs que ficam em casa a trabalhar nos artigos religiosos. As irmãs neste serviço põem a arte e o artesanato ao serviço da acção litúrgica fazendo bordados, paramentos, a atravessando varias áreas como a arquitectura, pintura, catequese litúrgica, música e formação através da revista litúrgica, com o objectivo de levar à humanidade a verdadeira união com Deus.
A irmã Emília conta que fazem tudo em sintonia com a missão, tendo cada coisa uma mensagem, uma simbologia “Cada uma tem uma missão própria”.
A Irmã Natália de 26 anos, está na congregação há 6 anos, e fica no centro de apostolado litúrgico a acolher as pessoas, ajudando-as a encontrar o seu caminho. Segunda ela não se chama loja porque, “o nosso fundador dizia que quando se entrasse deveria-se ter a sensação de estar numa igreja, levando as pessoas a orar”.
Elas estão no centro para “anunciar Jesus através da beleza da arte.” Segundo a irmã Emília as irmãs vivem através do trabalho que difundem no centro “é um centro onde, as pessoas vão, não só para comprar mas também para desabafar e pedir informações”.
Além de estar no centro, a irmã Natália tem o Apostolado Vocacional Juvenil, ou seja, a missão de ajudar os jovens a encontrar o seu caminho e encontrar Deus que “é a coisa mais importante, seja no matrimónio, ou não.” Ela acompanha os jovens que querem conhecer e aprofundar a oração e caso desejem orienta-os para uma vocação religiosa.
Às 16.30 voltam a rezar. Têm uma hora e meia de adoração ao santíssimo, um momento activo onde as irmãs rezam por toda a Humanidade. Esta congregação tem ainda a particularidade de ser, segundo a irmã Natália, “a raiz de uma grande árvore” por isso rezam muito, para as outras congregações porque são, “a força de sustentar a família Paulista”.
A Irmã Natália conta-nos que, rezam muito pela comunicação social “para que realmente a palavra deles traga o bem à humanidade, que de todo o mal que mostram, o bem venha ao de cima”.
À noite cada Irmã é livre de se retirar à hora que desejar. No entanto explicam que “não convêm deitar muito tarde pois temos que nos levantar muito cedo”, contam em tom de brincadeira.

Uma agradável surpresa

A família Paulista inspira a liberdade e abertura. Segundo a irmã Emília “A nossa Instituição está muito aberta ao mundo e podemos ver televisão e temos acesso à Internet 24 horas.”A irmã brinca, dizendo que “ainda ontem estive até a meia-noite na Internet”. Ao contrário do que se pensa, elas são pessoas normais, saem quando querem e fazem uma vida normal. Claro que como qualquer Instituição e trabalho têm normas e regras “ Isto também é a lei da vida e temos que fazer isto com alegria e simplicidade tal como Jesus fez. Estamos sujeitas e dependemos das leis. Podemos sair mas é claro que não temos uma vida tão livre como um casal”, explica a irmã Emília.
A irmã Natália salienta que “é tudo uma questão de prioridades, se tiver algo importante a fazer não vou ao cinema mas é para um bem maior. Ao contrário do que dizem, eu não renunciei a nada, nem ao casamento, eu escolhi esta vida para mim”.
O facto de haver horários é uma questão de funcionalidade, uma vez que, têm que trabalhar para se sustentar e, com isso têm que gerir o seu tempo para puderem cumprir a missão principal que é rezar. A irmã Natália brinca, dizendo “Se não acordarmos não há castigo,” mas vamos acordar porque estamos aqui porque escolhemos”.
De facto, a nossa mentalidade quanto às irmãs e à sua vida dentro dos conventos continua a ser devido a histórias antigas de séculos atrás. “ Não sei como era antigamente, mas o que sei é que não tem nada a ver com o que as pessoas contam” garante a Irmã Natália.
Liliana Duarte, uma jovem estudante, explica a imagem que tinha antes de visitar a congregação “pensei que as freiras eram pessoas mais velhas e às vezes um pouco revoltadas com a vida, pondo uma barreira à volta delas, como se proibissem alguém de se aproximar”.
De facto, muitas são as obras Portugueses que demonstram o convento como um castigo. As novelas de hoje em dia, continuam a captar a imagem das madres, rígidas e amargas. A irmã Emília afirma que “na Idade Média as raparigas iam para o convento sem qualquer vocação” e acredita que “foi por isso que houve muitas falhas, porque o convento não era lugar delas”
A irmã Emília conta-nos que já trabalhou em escolas e os alunos ficavam admirados, pois não conheciam a vida religiosa desta maneira “ tinham a ideia que era como aparece na literatura que estudam, mas não percebem que na realidade temos que ouvir dentro do nosso coração o chamamento de Jesus”.
Liliana Duarte confessa que a ideia negativa que tinha provinha, na realidade, das obras que lia na escola e até das pessoas mais velhas com quem falava “Pensava que não podiam vestir pijama, não podiam sair nem ter contacto com a família, mas agora sei que isso não corresponde à realidade”. “São pessoas normais apesar de, serem freiras, de terem esta vocação. É um dom serem chamadas por Deus, poderem ajudar os outros”, conta emocionada.

O chamamento

A irmã Natália, responsável pelo acompanhamento das jovens vocacionadas, explica que não as tenta convencer de nada, apenas as orienta. “Nós podemos fazer muito mas, é sempre muito pouco porque, é Deus quem as chama.”
Segunda ela “a igreja será cada vez mais como uma gotinha que dará as suas sementes a longo prazo. O nosso papel é ajudar no dia a dia, com um sorriso no centro Litúrgico, é isso que o Senhor me chama a fazer, na missão que estou a cumprir”.
Uma vez que a jovem sente o chamamento de Jesus há ainda um caminho a percorrer antes de ter a certeza que é isto de facto que Deus quer para a Jovem, e a própria Instituição tem as suas normas, não bastando apenas vontade.
A irmã Emília explica quais as condições “Quem estiver no casamento não poderá fazer parte, tem família e mesmo depois de viúva teria que ser casos muito especiais.”
A irmã Emília explica que de facto, o caso em páginas da vida é ficção pois “ Para mim é ficção pois tendo um filho, não pode entrar para a congregação porque se tem um filho a sua missão será cuidar dele”.
Outra regra é que só se pode entrar numa congregação antes dos trinta anos “Depois dos trinta anos têm que pedir licença. Já estão a contemplar novas regras que alarga para os trinta e cinco anos mas ainda não está em vigor”conta a irmã.

O Passado das Irmãs

Antes de darem a vida a Jesus e passarem a fazer o bem, pela humanidade, as Irmãs tinham uma vida completamente diferente da que têm agora.
A irmã Emília revelou-nos uma história incrível. Conta que nunca pensou seguir este caminho e que estava a dois meses de se casar. A decisão não foi fácil mas, foi com todo o coração “Senti que Deus me dizia: se quiseres ser feliz renuncia-te a ti mesma e vem atrás de mim”. De facto não foi um caminho fácil, devido à reacção da família, mas foi o certo, conta “ a minha família reagiu muito mal pois, era uma rapariga normal, também dançava e ia a discotecas. Os meus pais, como todos os pais, tinham sonhado uma vida bem diferente para mim, casada e com filhos. Tentaram mas em vão, desviar-me do meu caminho, falando mal das freiras”.
A irmã Natália conta-nos que nunca pensou ser irmã, chegando mesmo a desafiar os seus pais, dizendo que “aos 18 anos nunca mais meto os pés na igreja”, pois os pais obrigavam-na a ir à missa.
Foi quando conheceu um homem no local de trabalho, que se sentiu cativada pela religião pois “falava me de maneira diferente de Jesus, não aquele Deus distante mas um Deus próximo que estava dentro de mim e a alegria com que ele falava fascinava-me”. Não tardou muito e ela começou a fazer um caminho religioso, até que “um dia no retiro senti que Deus queria algo mais de mim, não que ele me tivesse telefonado a dizer: «tens que me seguir», mas é algo que sentes cá dentro, bem difícil de explicar em palavras”.
A irmã andou meses em negação “durante meses resisti, mas depois quando ia a missa sentia que tudo era dirigido a mim, sentia me perseguida”brinca a irmã.
Quando realmente tomou a sua decisão, o amor pelo Jesus falou mais alto apesar de ser contra a vontade dos pais. Eles acreditavam que, se a Natália fosse para irmã eles iriam a perder. Hoje felizmente já aceitam o facto dela ser irmã “Depois meus pais viram que estava contente e eles ficam contentes por mim!”
Os objectivos

Os objectivos de qualquer congregação são, a representação e anunciação de Jesus Cristo, mas a Irmã Emília adianta que, os objectivos da família Paulista são anunciar Jesus através da Comunicação Social, filme e discos.”Na nossa congregação já fizemos um documentário televisivo sobre a arte litúrgica”, conta.
Outro dos objectivos é o acolhimento, como por exemplo, juntarem-se todos os dias no mês de Maio cerca de vinte, trinta pessoas para rezar com as Irmãs, um momento especial pois não se trata só de rezar e comunicar com Jesus, mas também de ajudar as pessoas que querem caminhar com Ele.
A irmã Emília acredita que “esta abertura exterior é muito importante porque, nós estamos a fazer um serviço à igreja, aos nossos vizinhos, aos que querem rezar connosco.”
Liliana Duarte, visitou pela primeira vez uma congregação e fala-nos do que a impressionou mais, “O que mais me marcou na visita foi o cheiro que a instituição tinha, cheirava a flores. O silêncio também é marcante, dando lugar à paz e calma. O discurso que a freira teve connosco, sempre com muita calma, simpatia e animação, fez com que me sentisse à vontade para lhe perguntar tudo. São muito receptivas às nossas perguntas.”
Liliana revela ainda que é visível essa abertura dentro das Irmãs, o que a cativou a voltar. “Senti que me posso aproximar delas, dando gosto voltar lá. Sei que seria bem recebida e que iriam ouvir os meus problemas, independentemente do tema”.

O Papel da Catequese

Eva Oliveira, catequista há 5 anos explica quais as dificuldades sentidas pelos alunos a seguir a vida e testemunha de Deus bem como a das catequistas em transmitir a mensagem “ acho que todos os catequistas deveriam ter uma formação e aprender como falar de Deus para todas as idades se não, não entendem, nem querem saber”.
Infelizmente, segunda a catequista os alunos já não têm em casa os modelos a seguir nem ninguém que os ajuda a alimentar este amor por Deus “ Acho que é um sítio onde por uma hora ou duas os pais deixam os filhos. Hoje em dia, os pais levam só porque também andaram mas realmente não têm o mínimo de responsabilidade, não há um acompanhamento nem em casa nem os levam se quer a igreja”
Segundo a irmã Emília, a culpa não é de todo dos catequistas que estão aí por amor mas sim da falta de modelos e de formação em alguns casos “ Creio que há muita boa vontade, mas por vezes, por falta de modelos as famílias já não conseguem ser ponto de referencia.” Algo que contribui para que “os catequistas, as vezes, não conseguem ter aquele papel que deveriam. Mas felizmente, ainda há muitos bons catequistas”.

E o que será um bom catequista?

Um bom catequista é segundo a irmã Emília “aquele que tem um profundo conhecimento da sagrada escritura, da bíblia, que tem realmente o evangelho e que são bons mensageiros sabendo desafiar os jovens de hoje”.
As irmãs acreditam que um bom catecista irá ajudar os jovens a caminhar-se novamente para a fé e só quando cativamos os mais jovens é que podemos ter a segurança que a humanidade está em boas mãos. Tudo passa pela sua formação correcta e não pela aquela imagem errada de que seguir o caminho religioso é algo de aborrecido e um castigo para muitos. É preciso descobrir o outro lado da fé, o lado verdadeiro e descobrir por si mesmo o caminho de Deus, e ai poder encontrar a felicidade.
Na verdade, muitos são os mitos existentes à volta da Igreja, da Fé e da Religião. No entanto podemos perceber que as coisas não funcionam como muitas vezes nos é transmitido. Existe uma vocação, um chamamento, uma vida diferente, mas acima de tudo muito amor. Amor a Deus e amor a toda uma humanidade. Se quiser saber mais ou se estiver vocacionada para os caminhos da fé contacte as irmãs através de www.pddm.org/portugal.

1 comentário:

Anónimo disse...

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